Antonio Barbosa Reis, chefe do CPRs PM com abrangência até a cidade de Vitória da Conquista
25/03/2014 “A PM de perto incomoda, quando longe ela faz falta”
Afirma
o coronel Antonio Barbosa Reis, chefe do Comando de Policiamento
Regional sul (CPRs), em entrevista exclusiva concedida ao jornalista
Marcel Leal no programa Mesa Pra Dois, da rádio Morena FM (quartas,
15h).
Reis diz que “esse jargão é antigo, mas atual. As organizações que agem
em litígio, sempre no seu posicionamento legal, desagradam algumas
partes. Não se consegue agradar a todos. Mas o que se registra aqui, na
região sul e sudoeste, e em todo o estado da Bahia é que a PM cresceu
muito”.
“O soldado PM de hoje é muito diferente do de 10 anos atrás. A formação
evoluiu. Fui de uma polícia em que o soldado raspava a cabeça porque
antigamente, na época da II Guerra, tinha piolhos nos alojamentos e o
sujeito tinha que raspar a cabeça. Virou um regulamento da corporação”.
O coronel lembra, como exemplo de evolução, que “em 1979 ou 1980 o
policial não tinha direito a voto. Pouca gente sabe disso. As mudanças
eram necessárias e vieram. O policial de hoje não é como o de
antigamente, que não questionava nada, não tinha voz, não tinha
vontade”.
Para Reis, o grande trunfo atual é essa evolução física e pessoal,
mantendo uma estrutura rigorosa de disciplina e hierarquia porque, sem
isso, a corporação não se sustenta. “As pessoas muitas vezes confundem
liberdade de expressão com falta de respeito, intolerância”.
“O nosso grande trabalho hoje é formar os novos policiais entendendo
que disciplina e hierarquia não existem só no militarismo, tem que
existir em qualquer empresa ou não se sustenta. O policial militar está
mais humano, compreendendo melhor”.
Segundo o comandante, foi a criação da polícia comunitária que trouxe
isso. “Se você é treinado para lidar com o inimigo, você só sabe lidar
com o inimigo, e nesse caso, o inimigo era o cidadão. Hoje o policial
sabe muito bem que o inimigo da corporação não é o cidadão. O cidadão é
força amiga”.
“O CPRs comanda 130 cidades e quando estou na sede minha sala fica
aberta o dia todo. Quem quiser falar comigo é só ir até lá”. Da
filosofia de trabalho no governo Jaques Wagner, considerado diferente,
Reis diz que mudou muito, mas ressalta que a mudança já estava
acontecendo.
“Você romper estruturas antigas é complicado. Nós somos uma instituição
ligada diretamente ao governo, não podemos infringir regulamentos e ir
de encontro a sistemas”.
ML – Existe uma necessidade de militarismo para a segurança?
Eu acho que não. Quem tem que trabalhar com segurança pública não são
os soldados treinados para a guerra. Policiais são treinados para
prestar segurança pública ao cidadão. São formações e estruturas
diferenciadas, não quer dizer que o policial não possa ser vinculado ao
militarismo.
A quantidade de policiais é suficiente para a Bahia?
Temos mais de 33 mil na ativa e mais de 100 mil na reserva, mas o
contingente não é suficiente. E é muito difícil encontrar uma
instituição no Brasil que tenha um efetivo suficiente. São Paulo, que é o
estado mais rico, não tem. Nos últimos 10 anos temos procurado compor
essa falta com a qualidade.
O que acontece quando a PM tem que enfrentar manifestações violentas?
Em alguns momentos a polícia deixa de ser essa parceira da comunidade,
infelizmente, e esse momento a gente chama de controle de distúrbios
civis. O que a gente recomenda é que, se você percebe que no lugar tem
alguém com uma pedra ou pau, e ânimo mais exaltado, saía e vá para um
mais calmo.
Como a PM se prepara no combate a vandalismo nas manifestações?
Para a força policial, o problema de conter uma manifestação com
violência ou vandalismo é que a mesma pessoa que estava com uma pedra na
mão, quando chega a PM ela solta a pedra e vira manifestante. Como
vamos saber quem é manifestante e quem é vândalo?
Acaba sobrando para quem apenas protestava...
O que vai acontecer é que alguém vai sair injustiçado e sofrer a
consequência porque estava naquele local. A maior dificuldade é que as
pessoas começam pacificamente e daí o manifestante vira vândalo, sem
falar no grupo que vem pra incitar.
Foi o caso de Buerarema, no protesto que fechou a rodovia?
Aqui em Buerarema tivemos vários carros atingidos, 30 pessoas se
infiltraram e incitaram a população. Essas mesmas pessoas, logo que
percebem que conseguiram incitar a multidão, se retiram para não sofrer
as conseqüências. E deixam o povão confrontando a polícia. Normalmente a
ordem não é prender e sim dispersar.
Por que a PM não age nas invasões de terras por supostos índios?
Existe um dispositivo legal que diz que em qualquer tipo de ocorrência
de interesse da comunidade indígena a competência não é estadual. O
local das invasões foi taxado como área de conflito de terras indígenas e
isso não é discussão para a PM e sim para o Ministério da Justiça.
A PM não pode intervir, considerando que não é área indígena oficialmente?
A PM, em todo o momento que foi requisitada, deu apoio à Polícia
Federal, mas não cabe a nós essa análise de direito, o que me cabe é a
análise da segurança pública. Quem têm competência no caso é a PF, Força
Nacional e Exército.
Então a PM não pode combater as invasões mas sim as manifestações?
Não sou simpático a causa indígena nem de agricultor, sou um comandante
de polícia. Quando fomos até Buerarema para coibir as ações dos
agricultores é porque se tratava de crime comum. Quando se fecha uma BR
por uma hora se cria um problema sério no país todo, quanto mais 19
horas.
O que o senhor acha do caso Nadson e da reação da população?
Queremos deixar claro que sabemos a dor de perder um filho e sentimos
muito. A PM não está ali para matar ninguém, ela estava trabalhando,
numa barreira policial à procura de drogas, armas, protegendo o cidadão.
Essa é nossa obrigação funcional.
No caso em questão, o garoto fugiu da abordagem. Isso é comum?
Para se ter uma ideia, no dia seguinte um rapaz foi perseguido numa
moto. Era um jovem de 15 anos com dois revólveres na cintura. A polícia
não tem como saber quem anda armado ou não, o fato é que houve o furo à
barreira. É uma perseguição legal.
A PM defende a punição, caso os policiais tenham errado?
Se as pessoas querem justiça, a PM também quer. Meu primeiro ato foi
tirar o pessoal da rua, colocar no administrativo e instaurar o
inquérito policial militar. Fiz um ofício ao Ministério Público pedindo
que acompanhe o major que está presidindo o inquérito. Se errou, vai
pagar.
E sobre o vandalismo de pessoas que diziam revoltadas?
O que não pode é que as pessoas que estão envolvidas por sentimentos
com a perda de um ente querido vão pra rua queimar ônibus. Não acredito
que parentes da vítima tenham feito isso, quem faz é o marginal que está
entocado e tem interesse em tumultuar para tirar proveito. Pessoas
inocentes foram prejudicadas e crimes graves foram cometidos por alguns
marginais, como incendiar veículos e furtar outros no pátio da Settran.
Por falar em motos, elas viraram o instrumento de assassinos. Tem fiscalizado?
A PM tem feito blitzen constantemente, para coibir os crimes praticados
por pessoas que trafegam nesse veículo. Há um mapeamento e se determina
os pontos para blitz e barreira com esse estudo.
Quais são os crimes que mais afligem Itabuna?
São os homicídios. Sempre debatemos que não só Itabuna, mas toda a
região sul se destaca em homicídio. E não baixa. Nós apreendemos armas
mais do que todo mundo, mais que nas demais regiões, juntas. É difícil
entender.
A população precisa ajudar mais na segurança?
Nós temos a tendência de cobrar dos políticos e eles têm mais
responsabilidade, mas o pai e a mãe do filho de 8 anos que sai de casa
de manhã e chega à noite, tem que saber onde ele está. Não é atribuição
do prefeito nem minha. Cada um tem sua parcela de responsabilidade.
Elite Notícias Blog
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